“Historicamente, o Ensino
Médio no Brasil se caracteriza pela dualidade estrutural, que estabelece
políticas educacionais diferenciadas para as camadas sociais distintas,
definidas pela divisão social do trabalho. As reformas educacionais para o
Ensino Médio (propedêutico e profissional), realizadas na última década, não
conseguiram avançar no sentido de eliminar essa dualidade através da escola
unitária que propicie formação geral e uma habilitação profissional. Neste
estudo - com a intenção de compreender as últimas reformas para o Ensino Médio
realizadas sob as demandas da reestruturação produtiva - busca-se na História
da Educação analisar os elementos determinantes no estabelecimento das
políticas educacionais para este nível de ensino, ao longo do século XX. Dessa
forma, pode-se observar que a dualidade estrutural, que mantém duas redes
diferenciadas de ensino ao longo da história da educação brasileira tem suas
raízes na forma como a sociedade se organiza, que expressa as relações
contraditórias entre capital e trabalho nas políticas educacionais para o
Ensino Médio. A tentativa de superação da divisão social no ensino médio,
através de uma nova concepção de organização escolar, revela-se uma
reorganização apenas superficial, que não oferece condições para um real
unitariedade do ensino e superação das desigualdades socioeconômicas e educacionais.”
Manoel Nelito Matheus
Nascimento
O
retrato de nossa sociedade composta pela divisão social do trabalho, distinguindo
os homens, entre funções intelectual e manual, reflete-se na educação e no modelo
que escolhemos, ou que nos foi imposto.
Identificar
a escola como Aparelho Ideológico do Estado (Althusser) é concluir a escola
como célula reprodutora da nossa ordem social estabelecida, refletida de fato
no Ensino Médio que se diferencia na qualidade de acordo ao poder aquisitivo.
ENSINO
MÉDIO
No Brasil o Ensino Médio só vem tomar novos rumos após a
constituição de 1988 e com a aprovação da LDB em 1996. Até então a educação
estava submetida a conjuntura do governo Militar (1964 a 1985). A partir deste
momento o Ensino médio fica a disposição dos objetivos quantitativos das
grandes corporações internacionais, como condição para lançar o Brasil no novo
cenário econômico globalizado do capitalismo.
O sistema Educacional Brasileiro foi profundamente
modificado tendo como referencias e órgão encaminhador deste projeto a UNESCO (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que através da
conferencia internacional da educação para todos, realizada em 1990, produziu
relatórios afim de lançar o desafio para educação do século XXI. Desde então inúmeros desafios para educação
no Brasil foram lançados e diversos programas implantados, alfabetização,
formação superior dos professores, condições básicas nas escolas, transporte
aos alunos, garantir escolas a todos em qual quer lugar.
Em nenhum momento este modelo aparentemente justo se
preocupou com a qualidade dos alunos, e sim com a quantidade que estavam sendo
alfabetizado ou quantos estavam frequentando a escola. Uma educação
emancipadora que de fato mudasse quantitativamente as vidas das pessoas não foi
desenvolvida. Não deram a mínima condições de desburocratizar a maquina publica
e trazer informações básicas, como os direitos do cidadão, o dever do Estado, o
aceso a educação superior.
Os
inúmeros esforços por parte dos pensadores e profissionais da educação foi
substituído pelos interesses maior do Estado em se lançar no cenário
globalizado que o mundo vivia. Na pratica o Ensino Médio estava no mesmo
caminho de reproduzir uma sociedade de classes, e muitas vezes foi desviado de
sua função primária, que é educar, em alguns casos os alunos concluem e saem
ainda sema analfabeto, ou analfabeto funcional. Condições como estas estão
longe da realidade do ensino particular, ou de alguns casos isolados no país.
As
Diretrizes do Concelho Nacional de Educação com os Parâmetros Curriculares
Nacionais através da Léi de Diretrizes e Bases da Educação Nacional “procurou
atender a uma reconhecida necessidade de atualização da educação brasileira,
tanto para impulsionar uma democratização social e cultural mais efetiva, pela
ampliação da parcela da juventude brasileira que completa a educação básica,
como para responder a desafios impostos por processos globais”. A educação
brasileira rende-se as necessidades globais, mesmo não tendo superado problemas
locais e interno do nosso território, como o acesso a escola de muitas crianças
ou elevar as condições de trabalho dos professores, que “com giz na mão e uma
quadro negro, querem que ‘eles’ seja o redentor do país”. São problemas
básicos, mas que de fato não é da preocupação do estado nacional resolver, ou
nem mesmo é do interesse das camadas superiores que esse problemas seja
resolvidos.
De
um lado o Estado (com suas características e fundamentos políticos) usando a
educação para tentar embarcar na onda da globalização, e do outro as classes
abastardas carregadas de problemas e necessidades objetivas. A fim de conquistar
posições no mercado internacional o Brasil encara os desafios e faz as
modificações na Educação, principalmente no Ensino Fundamental, e no Ensino
Médio, mas são mudanças quantitativas, que na pratica apenas tentam incluir o
cidadão no mercado de trabalho que estar se modernizando, com maquinários e
sistemas mais complexos.
Na
pratica, isso é o Ensino Médio, há uma desenvolvimento quantitativo e serve
para incluir uma mão de obra pouco qualificada no mercado de trabalho, mas a
educação de fato não é seu objetivo. A educação fica para as escolas
particulares, ou seja voltamos a dualidade das classes econômicas na educação,
são estas camadas superiores da sociedade que estão nas escolas particulares
que investem na verdadeira educação, o conhecimento fica para eles. Não
interessa a burguesia o conhecimento sendo algo popular. Até o papel
pré-universitário do Ensino Médio publico perde sua função, pois muito pouco
coloca diretamente estes alunos na Universidade, isto fica a cargo das escolas
particulares, como no caso de Brasília, em que muitas escolas particulares já
trabalham o Ensino Médio afim de colocar os seus alunos na UnB.
CONCLUSÃO
O Ensino Médio deveria ser a plataforma que lançasse os
jovens para a vida atuante na sociedade, lhes dando condições de levar uma vida
desalienada, através de relações sociais desalienadas.
Portanto, a educação não é singularmente a
educação, mas sim as educações que tem seus modelos e objetivos, as publicas
preparam a mão de obra capaz de operar o moderno mercado de trabalho, e o
particular levar o conhecimento as elites e que lá venham fazendo sua
manutenção. O Ensino Médio estar diretamente envolvida na sua esfera social de
classe. Exemplo, em uma escola particular dessas elitistas, em que não se pode
falar em corrupção, posições politicas ou coisas do tipo, pois um aluno
(cliente) pode ser filho de um parlamentar que estar sendo caçado. De certa
forma o Ensino Médio é isso; uma ferramenta importantíssima, mas que foi tomada
pelo poder do capital e reproduz uma estrutura social individualista e
socialmente perversa.
Bibliografia:
NASCIMENTO, Nelito M. ENSINO MÉDIO NO BRASIL: DETERMINAÇÕES
HISTÓRICAS. UNICAMP, Campinas. SP. 2007.
Marcos Dias
Geógrafo
marcosdiasurss@gmail.com
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