sábado, 6 de agosto de 2011

Geotecnologia e Renovação nas Técnicas de Ensino




Num cenário onde o mercado é o mundo, o segmento de Geoinformação está aquecido e apresenta perspectivas de crescimento no futuro. Grandes investimentos como as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a descoberta das reservas petrolíferas do Pré-sal, a realização da Copa do Mundo e Olimpíadas tornam o Brasil um “paraíso” para investidores, na medida em que essas obras demandam coleta, integração, análise ou compartilhamento de informações geoespaciais.
O fato do mercado de geoinformação relacionar-se diretamente com os serviços de utilidade pública, telecomunicações, energia e infraestrutura; ou seja, os elementos fundamentais para o crescimento do país, destacam a gravidade e importância, da falta de regulamentação e de políticas públicas do setor, permitindo a entrada de empresas e profissionais estrangeiros no mercado, promovendo a concorrência desleal e comprometendo o crescimento das empresas nacionais.  
Além da infraestrutura, através da engenharia e consequentemente da Avaliação de Impacto Ambiental, o uso da inteligência geográfica também pode ser utilizada em outras questões como segurança pública, agronegócio e uso dos recursos naturais, através do desenvolvimento de aplicações GIS, de equipamentos para geodésia e topografia.
As ferramentas de Sistema de Informações Geográficas (SIG) podem atuar ainda na implantação de um Sistema Nacional de Prevenção e Alerta, contribuindo com a previsão e alerta de desastres naturais, no debate desenvolvimento X planeta e na elaboração de soluções para os problemas, através da recuperação de mapas, do mapeamento geológico das regiões e da reestruturação da defesa civil nos estados e cidades, visando amenizar esses impactos e as perdas humanas e financeiras.
A construção de uma política pública para o setor perpassa pela criação do Sistema de Informação Geográfica (SIG) brasileiro por meio da instituição da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) que disponibiliza e compartilha dados e informações geoespaciais por meio de uma rede subordinada ao Ministério do Planejamento; de mecanismos para intercâmbio de dados espaciais e plataformas tecnológicas distintas; padrão nacional de metodologia cartográfica; ferramenta de GIS de baixo custo; universalização das ferramentas geocientíficas, etc.
Especialistas da área como Fátima Alves Tostes,Valther Aguiar e Emerson Granemann, diretor do grupo MundoGeo apontam a educação como um dos desafios para o crescimento sustentável do setor. Para eles somente através de investimentos em educação, para atualização profissional e renovação de métodos, técnicas e instrumentos será possível a fixação desse mercado no país.  Diante de tal conjuntura, como assegurar que o ensino geográfico das instituições de ensino superior brasileiras possam contribuir para o crescimento e estabelecimento desse mercado, de forma a tornar a cultura e a política da informação do território uma prioridade?
Os estudantes de Licenciatura em Geografia deparam-se com um ensino de pouca qualidade, superficialidade nas abordagens disciplinares, defasagem de conteúdos, falta de investimentos para financiamentos de pesquisas, ausência de laboratórios para práticas curriculares e uma infinidade de questões que apenas desmerecem e desqualificam o curso, demonstrando o descaso e o descompromisso com a educação por parte das instituições de ensino superior em total discordância com o panorama atual brasileiro.
Segundo Pimenta (1999), a finalidade da educação escolar na sociedade tecnológica multimídia e globalizada, é possibilitar que os alunos trabalhem os conhecimentos científicos e tecnológicos, desenvolvendo habilidades para operá-los, revê-los e reconstituí-los com sabedoria o que implica analisá-los, confrontá-los, e contextualizá-los.
No entanto, o que se verifica, sobretudo, nas faculdades privadas, sempre vistas como empresas, contribuem não só para o esfacelamento do ensino, ao formar profissionais incapazes de operar ferramentas geoinformacionais, elaborar sistemas e manusear dados, como também para a invasão de técnicos estrangeiros no mercado nacional, coibindo dessa forma o crescimento das empresas brasileiras, a ampliação do mercado de trabalho e consequentemente o desenvolvimento do país, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego os profissionais estrangeiros  vêm para ocupar vagas nos setores ligados à engenharia, infraestrutura e tecnologia, como construção civil,  portos, petróleo e gás e tecnologia da informação.
Se as novas tecnologias são uma ferramenta para o aprendizado que proporcionam a formação necessária à sociedade e o mercado de trabalho exige, torna-se um contra senso o comportamento dos “pseudos capitalistas” proprietários de instituições privadas, que na contramão do desenvolvimento globalizado sucateiam a educação em nome dos baixos custos.
Educação e tecnologia devem caminhar juntas, de maneira que os estudantes venham a se inserir no mundo globalizado construindo sua cidadania, desenvolvendo habilidades que contribuam para o conhecimento reflexivo.


Maristela de Jesus.
Geógrafa.



Referências:
PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortes, 1999.


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